Do êxtase à plenitude
O Professor Arnaldo, editor chefe da “Nóis na Fita A TV” após
concluir sua mais recente cicloviagem pela parte italiana da Via Francígena,
expõe de forma direta suas impressões sobre o que viu e sentiu ao longo de
quase 1.200 km em 16 dias de solitáriaspedaladas por boa parte do outrora
Império Romano.
“Descobrí a Via Francígena em setembro de 2.015 quando
pedalava entre as cidades italianas de Siena e San Gemignano na Toscana, em
companhia do Walter Magalhães, um dos membros do Clube Brasileiro de
Cicloturismo, após o Velotour, uma cicloviagem de 8 dias pelos caminhos que
percorreram os Pracinhas Brasileiros em defesa da Itália contra os alemães na
Segunda Guerra Mundial. – Inicia o Professor.
Como na ocasião o Velotour terminava em Florença, eu
aproveitei para estudar italiano por 15 dias em uma escola de idioma da cidade,
situação determinante para que eu decidisse de vez fazer de bicicleta ao menos
a parte italina da Via Francígena, pois fazer o pecurso completo da Inglaterra
neste momento seria muito caro, pois os proventos de um aposentado não são lá
essas coisas.
Assim, através das orientações de vários sites da Via e
principalmente de informações e dicas, inclusive por telefone, do pessoal da
“Via Francígena Brasil”, em 6 junho estava lá eu em Aosta, pronto para subir
até Col San Bernardo, cume dos Alpes, entre a Suiça e a Itália. No entanto, por
falha minha, não consegui acertar um translado até a fronteira, então decidi
por precausão iniciar por Aosta mesmo. Além disso, como a meteorologia indicava
possibildade de mal tempo, não valia a penas arriscar-me, tal qual aconteceu no
Valle Nevado, na Cordilheira dos Andes no Chile, que quase custou a vida do meu
filho e a minha, por uma nevasca fora de hora.
Do êxtase:
Assim, partindo de Aosta e pedalando sozinho, situação que
requer uma série de cuidados, mesmo estando acostumado, os primeiros perrengues
do dia se deram por haver optado em seguir no início, o mesmo percurso dos
peregrinos a pé, pois não havia observado da exixtênciam de um percurso da Via
Francígena específico para bicicletas.
Então, de bobeira, passei por precipicios, single tracks para
caminhantes, sendo um sufoco subir e descer 400 metros de elevação em poucos
quilômetros até Verrès no Vale D’Aosta, norte da Itália.
Passado o susto, aos poucos me fui acostumando com a sinalização
e depois de uma longa pedalada de 108 km, finalmente cheguei a Vercelli,
ocasião que que constatei que a gancheira da bike estava torta devido a uma
queda, solucionado em uma Bike Shop da cidade, ocasião em que aproveitei para
trocar a corrente e as roldanas do cambio trazeiro, pois já estavam gastas.
Saindo de Vercelli encontrei um grupo de três ciclistas
brasileiros de Jundiaí, do Pedal Jari e por muitas vezes nos encontramos
durante a cicloviagem.
O Puruca, como gosta de ser chamado, estava acompanhado do
casal Renê e Luciana, todos muitos velozes, e por muitas vezes, não consegui
acompanhá-los, mas o destino nos fazia cruzar o caminho em várias das etapas,
razão para risadas, almoços e jantares festivos.
Finalmente, depois de 16 dias de pedal, cheguei a cidade do
Vaticano na tarde do dia 22 de junho sob uma temperatura escaldante de verão e
uma sensação gostosa de paz, já que, particularmente, meu momento de maior emoção,
foi a chegada a San Gemignano pela segunda vez em menos de um ano e naquela
etapa da cicloviagem, foi um longo dia de pedal, com direito a uma subida infernal
de 12 km, sem choro nem vela, até as muralhas que cercam San Gemignano.
A plenitude
Concluindo, foram semanas intensas de pedal solitário, porém
a energia das pessoas queridas e a ajudinha da tecnologia, que me mantiveram conectado
a tudo e a todos, fez dessa aventura sobre duas rodas mais uma vitória que não
é pessoal, pois ela vem do apreços de milhares de amigos e do apreço dos meus
familiares queridos.
Etapa 16 - VITÓRIA Sutri a ROMA - Itália - VIA FRANCÍGENA 22-06-16
Etapa 16 - FOTOS - VITÓRIA - Sutri a ROMA- Via Francígena 22-06-16